O falecimento de Archimedes Silva, presidente da Federação de Entidades Carnavalescas durante 45 anos, ocorrido no último dia 22, foi lamentado na Assembléia Legislativa pela deputada Sônia Fontes (PFL) através de uma moção de pesar que protocolou junto à Secretaria Geral da Mesa. Ele era tenente reformado da Marinha de Guerra, tinha 88 anos, era viúvo e deixou nove filhos. "Sempre teve no carnaval a sua grande paixão", acrescentou a parlamentar, que acompanhou a sua luta pela sobrevivência das entidades de menor porte diante da industrialização da festa.
A deputada criou uma bela imagem para representar a perda que a Bahia, os baianos e o carnaval tiveram com o falecimento de Archimedes, lembrando a figura do "pierrot com os olhos vertendo lágrimas." Ele foi fundador da Federação de Entidades Carnavalescas e membro do Conselho Municipal do Carnaval, além de ter sido presidente de vários blocos e dirigente de inúmeras entidades que ajudou a criar.
"Onde houvesse carnaval, lá estava ele," registrou a deputada pefelista, que lembrou a sua permanente atuação na organização da festa, mesmo com idade avançada. Archimedes ultimamente tinha a função de organizar anualmente o concurso para a escolha do Rei Momo, informou ainda Sônia Fontes, registrando que aos "88 anos, ele mantinha sua alegria em alta e era capaz de olhar as atividades do dia-a-dia pelo lado lúdico." Outra faceta de sua personalidade foi a perseverança, "pois, atuante e participativo, fez do carnaval o princípio, o meio e o fim do seu cotidiano e não havia evento carnavalesco em que não estivesse envolvido.
Para a parlamentar, Archimedes Silva defendeu os pequenos afoxés e blocos da capital e foi o maior incentivador da criação de associações culturais, objetivando manter vivas as tradições e raízes dos antigos carnavais, "sendo responsável pela ida do carnaval de rua para a França", como gostava de lembrar. "Com a sua morte, perde a Bahia e perdemos todos, pois partiu um dos baluartes da nossa alegria", completou ela.
Sônia Fontes despediu-se "do nosso querido amigo Archimedes", solidarizando-se com seus familiares e "antevendo" que no próximo ano, na quinta-feira de carnaval "quando o Rei Momo receber as chaves da cidade, sairão os blocos, os trios, os afoxés... e veremos as ruas apinhadas de foliões, mas lá no fundo, independente dos estridentes decibéis que entoarão as músicas, lá bem no fundo, dentro dos verdadeiros corações baianos, ouvir-se-á o som surdo, seco, solitário batendo uníssono a tristeza e a saudade da Bahia."
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