A passagem dos 190 anos do Seminário Arquidiocesano de São Salvador, no último dia 15 de agosto, foi lembrada na Assembléia Legislativa pelo deputado Yulo Oiticica (PT). Ele apresentou uma moção de congratulações na qual contou a história do instituição religiosa, "criada com o objetivo de formar padres, uma vez que havia uma extrema carência na Bahia".
Inicialmente, o seminário foi instalado na residência senhorial do Cônego Tesoureiro-mor José Teles de Menezes. Porém, com a morte do arcebispo, a agitação da cidade de São Salvador e a morosidade da vacância da Sé, as atividades ficaram ociosas e, só em 1834, com a intercessão do novo arcebispo, dom Romualdo Antonio de Seixas, reiniciaram-se as atividades. O seminário passou depois por várias sedes como o Mosteiro dos Beneditinos, Casa dos Agostinianos, Liceu Provincial e o Convento de Santa Tereza dos Carmelitas Descalços, dentre outras.
Nas décadas iniciais, o Seminário se dedicava a uma formação atendendo às determinações do Concílio de Trento, com um curso teológico distribuído em quatro anos. "A for-mação foi passando por pequenas transformações de acordo com as mudanças que também aconteciam no mundo e colocavam em cheque a formação e atuação dos sacerdotes", observou Yulo Oiticica no documento.
De acordo com o deputado petista, a maior crise se dará em um período muito delicado da história do país. "De um lado, a Igreja avançava para a necessidade de chegar até o povo, levar o Evangelho até a população, fruto das decisões tomadas pelo Concílio Vaticano II. De outro, o Estado tomado pelo golpe militar tornava-se autoritário e perseguia todos os que tentassem falar em liberdade ou dignidade humana, como se fossem perigosos sub-versivos", acrescentou o autor da moção. Esse conflito, continuou ele, significou o ponto de ruptura entre Igreja e Estado e o Seminário de Salvador refletiu todas essas nuances da história.
"Como católico atuante e militante nas pastorais sociais, sou testemunha do esforço da Arquidiocese em investir na formação dos seus sacerdotes voltada para atender às reais necessidades espirituais da população", acrescentou Yulo. Ele fez questão de destacar padres e bispos que passaram pela formação no seminário e hoje têm uma atuação destacada na busca da dignidade e defesa do povo, como o padre Zé Carlos (coordenador da Ação Social Arquidiocesana), bispo dom Josafá Menezes, dom Jairo (bispo da Diocese de Senhor do Bonfim) e padre Aderval Galvão (coordenador da Rádio Excelsior), dentre outros.
REDES SOCIAIS