As brigas entre torcidas organizadas, ocorridas no entorno da Arena Fonte Nova, ontem, antes do clássico Bavi, e a morte do jovem torcedor Carlos Henrique Santos de Deus, 18 anos, após o jogo, alvejado por pessoas ainda não identificadas pela polícia, demandam a adoção de medidas emergenciais e de cunho preventivo por parte dos poderes públicos.
É a opinião do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Angelo Coronel (PSD), que tem participado intensamente das discussões sobre violência na Bahia, no âmbito do programa Pacto pela Vida, em conjunto com os chefes dos demais poderes do Estado, já ocorridas em Feira de Santana, Vitória da Conquista, Eunápolis e Itabuna.
“É muito provável que aconteçam outras seis partidas entre Bahia e Vitória, num curto espaço de tempo, na Arena Fonte Nova e no Barradão, pelo próprio Campeonato Baiano, Copa do Nordeste e Campeonato Brasileiro. Não devemos descartar uma possível tentativa de vingança nos próximos jogos”, entende o chefe do Legislativo estadual, para quem as ações devem ter celeridade e caráter preventivo.
Presidente do Legislativo se coloca à disposição e exorta autoridades do Ministério Público do Estado, o Comando-geral da Polícia Militar, Secretaria de Segurança Pública, Federação Bahiana de Futebol e outros a construírem esse debate que classifica de grande relevância para o futebol no Estado e toda a população baiana.
“A violência nos estádios de futebol tem crescido nas grandes capitais brasileiras, como em São Paulo, Natal, Rio de Janeiro, Recife, Goiânia, Belo Horizonte, ceifando muitas vidas, sobretudo de jovens em fase produtiva. Não podemos permitir que esse rastro nocivo se estenda para Salvador. A cultura de paz sempre permeou a prática esportiva na Bahia entre as torcidas, inclusive no futebol. Salvador não pode virar uma São Paulo”, preocupa-se Angelo Coronel.
Outro cuidado do presidente da Assembleia Legislativa é a utilização dessas torcidas pelo crime organizado. Ele lembra que em São Paulo, depois de investigações do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), após a morte do fundador e ex-presidente da Mancha Alviverde, Moacir Bianchi, em fevereiro passado, a polícia constatou a defesa de interesses do crime organizado dentro das torcidas uniformizadas.
ESTUDO DA VIOLÊNCIA
O Brasil é o país com mais mortes em brigas entre torcidas organizadas no mundo, aponta estudos do sociólogo Maurício Murad. Ano passado, até abril, cinco pessoas haviam sido assassinadas em guerras entre torcidas. Conforme o mesmo levantamento, nos últimos anos foram punidos apenas 3% dos crimes mais comuns cometidos nos estádios de futebol, a exemplo de racismo, xenofobia, machismo, agressão, mutilação e morte.
Medidas têm sido aplicadas e discutidas pelos Ministérios Públicos estaduais como forma de coibir a violência nos estádios e cercanias, como torcida única nos jogos de grande apelo de público (clássicos), banimento de torcida uniformizada, obrigatoriedade de apresentação nas Delegacias, horas antes das partidas, daqueles torcedores já registrados pela polícia, entre outras iniciativas.
Para Maurício Murad, a decisão de torcida única nos clássicos resolve o problema somente dentro dos estádios pela ausência do confronto, mas aumenta nos arredores e não impede as mortes. O Rio de Janeiro chegou a criar uma polícia especializada em segurança nos estádios, o GEPE – Grupamento Especial de Policiamento em Estádios.
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