Gude, amarelinha, bambolê, corda, elástico, gangorra, corrida-de-saco, telefone-sem-fio, pé de lata. Quem, na infância, participou desses jogos e brincadeiras vai se identificar, imediatamente, com a obra do artista visual Samuel Cruz, em cartaz de segunda-feira (21) a sexta (25), no Espaço Cultural Josaphat Marinho, da Assembleia Legislativa da Bahia.
Intitulado Memórias Afetivas Infantis, o trabalho sustentável de Samuel, feito com papel-jornal, papelão, arame, verniz automotivo e tinta acrílica, traz lembranças dos jogos e diversões vivenciados por ele durante a infância, em Salvador, época em que, segundo o artista, os meninos podiam acessar bairros vizinhos, sem temer violência.
“Essas brincadeiras são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, motor e emocional da criança, e infelizmente elas estão morrendo, por causa da tecnologia, mas principalmente porque os pais não mais permitem que as crianças acessem a outros bairros, por questão de segurança”, lamentou.
SUSTENTABILIDADE
Baiano de Salvador, Samuel criavas peças utilitárias, mas começou a se encontrar como artista plástico depois de um acidente que o deixou com a mão direita paralisada. No momento de depressão, o trabalho manual entrou como indicação do fisioterapeuta, para resgatar o movimento da mão. “Eu encontrei a arte com papel, que ao longo do tempo, fui aprimorando. O exercício da função traz habilidade, e hoje eu adquiri habilidade, hoje eu sou autodidata, não tenho limitação para poder produzir algo com jornal. Só preciso da proposta, da temática, pra que eu possa fazer a pesquisa e materializá-la em arte”, disse.
Os primeiros contatos com a arte em papel aconteceram via internet e, depois, com a artista plástica Maria Ruth Ramos, especialista na técnica. “Ela me deixou o legado, que hoje eu perpetuo, e que as pessoas que ensinarei darão continuidade”, afirmou.
Desde então, Samuel está em movimento expondo em diversos espaços culturais, a exemplo da Biblioteca Central, nos Barris, na Casa de Farinha, no Santo Antônio além do Carmo, no Shopping da Bahia, no Tribunal da Justiça.
No ano passado fez sua primeira exposição na Casa Legislativa, com a temática Santos e Orixás, mais voltada para a espiritualidade. Para Samuel, expor na ALBA é “sensacional”, tanto pelo espaço, quanto pelo acolhimento da equipe do Espaço Cultural Josaphat Marinho formada por Aldinho, Maritza e Marília.
A mostra Memórias Afetivas Infantis fica em cartaz até esta sexta-feira (25) “Está sendo muito bom. Muita gente vindo visitar, as pessoas se conectando com a arte, lembrando seu momento de criança, e é bacana você construir algo que se conecte com o espectador”, comemorou.
REDES SOCIAIS