Com o mandato centrado na busca de alternativas econômicas que permitam ao sertanejo viver no semi-árido, o deputado Gilberto Brito (sem partido) fez nos últimos meses uma autêntica romaria em gabinetes ministeriais, pessoalmente ou através de correspondências, defendendo a reabertura de linhas específicas de crédito para o custeio da lavoura de feijão caupi ? o conhecido feijão catador, fonte de renda e de proteína conhecida no sertão baiano. A persistência rendeu frutos e ele já foi informado oficialmente pelo Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário do retorno desse financiamento, o que comemorou com uma moção de congratulações aos "técnicos que se sensibilizaram com essa necessidade premente do pequeno produtor catingueiro".
O documento foi protocolado na Assembléia Legislativa ao mesmo tempo em que ele produziu comunicados para as lideranças políticas interioranas, técnicos do Banco do Brasil e dos órgãos de fomento agrícola, sindicatos rurais e associações de produtores, divulgando essa "grata novidade" que poderá render imediatamente mais de quatro mil contratos de financiamento nos 61 municípios a serem beneficiados. Gilberto Brito acredita que o retorno dessa linha de crédito movimentará as economias municipais, gerando imposto, renda e os impostos decorrentes da maior circulação do dinheiro.
Para ele, a frustração de safras, como já aconteceu no passado, não pode servir como pretexto para a eliminação dessa tradicional e importante cultura. Adepto de um sistema administrativo restrito apenas às políticas compensatórias, o parlamentar é duro na defesa do financiamento à produção: "A falta de produção, conseqüente do não financiamento pelos agentes financeiros que estão a desprezar suas prerrogativas sociais, também provoca as migrações internas, ensejadoras do inchaço urbano, trazendo gravíssimos problemas, culminados com a barbárie da violência que causa pavor em toda a nação", frisou.
CAMINHO DA ROÇACrítico contumaz do desprezo dado secularmente aos nordestinos, ele defende a busca de mecanismos que evitem o "tradicional caminho da roça, ou seja, o sofrido corte de cana no interior paulista, criador das viúvas de maridos vivos". Gilberto Brito lamenta a progressiva destruição da família como célula mater do núcleo familiar do sertanejo, pois os maridos ainda precisam ir ganhar o pão de cada dia no Sudeste, e registra a redução progressiva ? que precisa ser detida e ter o sentido invertido ? das economias dos municípios do semi-árido, restritas à condição de dependentes do dinheiro oriundo das aposentadorias recebidas pelos velhos.
Ele não renega o enquadramento de famílias "cada vez maior a programas federais compensatórios como o Bolsa Família", mas insiste que isso não pode se perpetuar e "só a sobrevivência a partir do trabalho, do suor, é desejada pelo sertanejo, figurando a possibilidade de obter recursos para fazer as roças de feijão catador como um estímulo da maior importância para a reversão do insatisfatório quadro atual". A vitória de Gilberto Brito só não foi completa, embora não menos importante, porque a relação de municípios que ele encaminhou ao Ministério incluía ainda as cidades de Casa Nova, Curaçá, Macururé, Morro do Chapéu e Tapiramutá, as quais os técnicos da Secretaria de Agricultura Familiar e da Secretaria de Seguro da Agricultura Familiar, do Ministério de Desenvolvimento Agrário, consideraram tecnicamente fora do zoneamento agrícola de risco climático para esta cultura.
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