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CPI dos Combustíveis aprova quebra de sigilo de empresário

Publicado em: 19/08/2005 10:57
Editoria: Diário Oficial

 
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A CPI dos Combustíveis, que apura indícios de adulteração, cartelização e sonegação fiscal, aprovou ontem, por unanimidade, a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do empresário Cláudio Henrique Boaventura Carneiro, sócio do também empresário Osmar Torres Júnior. A decisão foi tomada por iniciativa do deputado Heraldo Rocha (PFL), que apresentou requerimento neste sentido depois que o depoente se negou a fornecer uma série de informações solicitadas pelo colegiado. Além disso, os integrantes da CPI solicitaram vários documentos relativos à contabilidade dos quatro postos que o empresário possui.

Tais procedimentos foram avaliados como "extremamente necessários" pelo presidente da CPI, deputado Targino Machado (PMDB). "Temos que engrossar o tom, pois a sociedade exige uma resposta para acabar com os ilícitos que vêm sendo praticados na Bahia", afirmou o deputado, acrescentando que as medidas foram fundamentais e "vão ajudar a esclarecer muitos pontos que ficaram obscuros no depoimento".

O parlamentar avaliou que o depoente demonstrou "total desconhecimento da atividade de revenda de combustível, o que caracteriza que ele não é da área, mas sim apenas um ?laranja?". E tal suspeita de Targino Machado foi reforçada pelas respostas evasivas de Cláudio Henrique Carneiro. Ao ser questionado pelo deputado quanto suas empresas faturavam por mês, ele disse que "não tenho idéia". "Apenas retiro o que é necessário para o meu sustento, o que é bem pouco. Não procuro saber quanto é o lucro", disse, causando estupefação entre os deputados.

NERVOSISMO

Pouco depois de uma hora de inquirição, o empresário Cláudio Henrique não conseguia mais conter a tensão. A sessão, então, foi suspensa por cinco minutos a pedido do depoente. No retorno das atividades, ele, com a voz embargada, não conseguiu responder a um questionamento do deputado Eliel Santana (PSC) e chorou.

Com a retomada da normalidade dos trabalhos, Cláudio Henrique confessou que ligou ontem "diversas vezes" para Osmar Torres Júnior "com o objetivo de saber o que era isso (a CPI)". Questionado pelo relator Gilberto Brito (sem partido), ele negou que soubesse ou conhecesse alguém que pratique sonegação ou adulteração. "Deputado, quanto menos a gente sabe, melhor a gente vive", disse, acrescentando que a CPI havia deixado ele "completamente desbaratinado (sic)". "Sou um homem mais despreparado que esta Casa já ouviu falar", garantiu.

Ao perceber o desespero do depoente, os parlamentares sugeriram que ele "falasse toda a verdade" em uma sessão secreta. No entanto, Cláudio Henrique recusou o conselho. O presidente Targino Machado informou que, provavelmente, ele deverá ser convocado para depor novamente quando os integrantes do colegiado analisarem os dados das empresas que o depoente mantém em sociedade com Osmar Torres Júnior.



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